Por que nossa mente “dá branco”?
Por segundos parece que a mente apagou tudo: do que íamos pegar na geladeira à resposta da prova. O problema não está na memória, mas na falta de atenção. “É um mecanismo essencial na ativação das memórias de curto prazo e operacional, que armazenam temporariamente dados necessários para o cérebro comandar ações rápidas, como digitar no celular um número que logo vai ser esquecido”, explica Tarso Adoni, médico do Núcleo de Neurociências do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ocorre que o lobo frontal, responsável pela atenção e memórias transitórias, tem capacidade limitada de armazenamento. Só fica ali — com chances de seguir para a memória permanente conforme a relevância e utilidade — o que a atenção selecionou. O que passou batido será apagado em seguida caso não cheguem novas pistas relacionadas. Isso explica a razão de a ideia “esquecida” ser “lembrada” ao voltarmos onde estávamos antes do branco.
Esse tipo de apagão é diferente dos causados pelo álcool, que afeta memórias consolidadas, ou pela ansiedade. Neste caso, o cérebro entende o nervosismo como ameaça e se concentra em combatê-lo. Se os “brancos” afetarem a qualidade de vida, melhor procurar um médico.
ESQUECEMOS DAS COISAS PORQUE SÓ O QUE A ATENÇÃO PERMITE ENTRA EM NOSSA MENTE
1 Através dos sentidos, uma infinidade de informações é encaminhada a cérebro. Antes de ser armazenada, qualquer coisa nova deve passar pelo filtro da atenção que seleciona o que entra.
2 O espaço é limitado, por isso existem dois níveis de armazenamento no cérebro, a memória permanente (no hipocampo) e as memórias de curta duração e de trabalho (no lobo frontal).
3 Com não conseguimos prestar atenção em muitas coisas ao mesmo tempo, o que fica de fora não será armazenado no hipocampo. O branco nasce ai, das informações descartadas.
4 As informações de curto prazo mais importantes são enviadas do lobo frontal ao hipocampo, onde são guardadas e podem ser acessadas sempre que necessário.